Descobrir o americanismo

 

O congresso de geografia de 1904 é itinerante, de Washington e Nova York até Saint-Louis (EUA). Vidal, que acaba de publicar o Tableau de la géographie de la France, se vê livre desse pesado projeto. Porém, já vislumbra se consagrar à geografia humana.

Ele se lança nesse novo mundo estando carregado de sua cultura e disposto a incorporar descobertas. De 5 de setembro a 3 de outubro de 1904, ele preencherá dois cadernos com suas anotações. A natureza norte-americana lhe é apresentada do Niágara ao Grand Canyon.

Cadernos [24], registro 31. A cidade americana.

O que está na base da atenção de Vidal e anima suas notas de reflexões e comentários é a descoberta do americanismo. Ele entende por esse termo, que já era utilizado na época, a maneira ou o estilo com que essa nova sociedade planeja e intervém em seu território, nas cidades e no campo. O grande anel ferroviário no oeste lhe oferece experiências de contato com novas paisagens. Paisagens de deserto, formas da erosão desértica, curiosidade geológica (a floresta petrificada): Vidal desenha, Emmanuel de Martonne, seu genro, tira fotos. Vemos os dois intelectuais descerem do Pullman para percorrer um canto do deserto.

Viagem de Vidal de la Blache na América do Norte, na época do Congresso Internacional de Geografia de 1904.

O congresso organizou para os participantes uma longa viagem ferroviária transcontinental, na forma de um grande laço. Ao longo do périplo, entrevemos Vidal voltado para o exterior, observando de longe e de perto, mas também em reflexão contínua sobre essa experiência da modernidade, para então exclamar: “Escola da América, não somente a de Roma ou a de Atenas”.