Atravessar o Mediterrâneo

 

Caderno [3], registro 45. Suez, 17 de novembro de 1869.

Os primeiros cadernos desse corpus documental começaram quando Vidal era membro pensionista da Escola Francesa de Atenas, tendo deixado a França pela Itália e depois pela Grécia, e assistido à inauguração do Canal de Suez (1869).

O Mediterrâneo e as regiões que o rodeiam vão se tornar familiares a ele. A projeção colonial da França no Norte da África suscitará muitas travessias para a Argélia e a Tunísia. As visitas à Córsega e à Sicília são também motivos para tomar um barco.

Essas experiências têm para Vidal um valor particular : ele percorre os itinerários de Ulisses, que seu aluno Victor Bérard (1864-1931) vai tentar traçar. Toma emprestadas as linhas projetadas por Michel Chevalier (1806-1879) no livro Système de la Méditerranée e vai integrar à sua geografia os territórios anexados à República ou em processo de colonização. Sobre esse ponto, os cadernos mostram que o intelectual é acompanhado por autoridades militares e civis em caminhadas até os confins do Saara.

Atlas général Vidal-Lablache, linhas de navegação do Mediterrâneo.
Caderno [8], registro 10. Panorama das Altas-Planícies.

Vidal realiza três viagens para o Norte da África. A primeira, de seis semanas, em 1883, para a Argélia e a Tunísia. Ele toma alguns dos trechos esparsos de linhas férreas, mas o essencial de seus trajetos pelas montanhas, pelos planaltos e até as portas do deserto é feito pelas estradas, em diligência ou em patacho. Em 1905, ele se encontra nas montanhas cabilas montado em uma mula !

 

Os cadernos registram as paisagens atravessadas, os contatos com as autoridades, os encontros com “indígenas” notáveis, informações lidas em letreiros de comércios ditos árabes.

Caderno [26], registro 6. Cabila, região de emigração.
Caderno[8], registro 15. Notas sobre um relatório da missão Flatters.mission Flatters.